A Moral Mediúnica (Publicado em 18/01/2020)

O fato de Kardec considerar que a Mediunidade não depende da Moral, pois se relaciona com o corpo, serviu de motivo para explorações dos inimigos gratuitos do Espiritismo, que passaram a proclamar a falta de moral no Espiritismo. A afirmação kardeciana se confirma nas pesquisas atuais da Parapsicologia, como já se confirmara nas pesquisas da Metapsíquica. Nas experiências espíritas posteriores a Kardec também se confirmou essa distinção. E isso porque, como se vê em O Livro dos Médiuns, a mediunidade não é uma graça ou dom especial concedido a criaturas privilegiadas, mas uma faculdade humana como as demais. A moral do médium determina o seu comportamento como criatura humana e regula as suas relações com os espíritos. A questão moral não surge da faculdade mediúnica, mas da sua consciência. Não se pode dizer que um médium entregue a práticas maldosas ou a objetivos condenáveis, contrários ao senso moral, não seja médium. Assim como há criaturas boas e más na Terra, há espíritos maus e bons que com elas se afinam e se servem da sua mediunidade para fins maus ou bons. Se o médium sem moral se corrigir e passar a portar-se pelos princípios morais, passará a servir aos espíritos bons através da sua mesma mediunidade. Assim acontece com todas as faculdades humanas. O homem pode aplicar a sua inteligência para o mal ou para o bem, mas a sua inteligência é sempre a mesma, quer atue num ou noutro campo. A maldade da linguagem não depende da língua, mas da mente que a usa. O mesmo acontece com todas as faculdades humanas.

O médium tem, nos princípios de moral, as normas ideais da sua orientação no mundo. Se as conhecer e seguir, sua mediunidade será altamente benéfica, posta a serviço dos Espíritos Superiores, seja no campo da assistência aos espíritos inferiores desencarnados e encarnados, seja na área das atividades doutrinárias de ordem social ou especificamente no plano cultural da transformação dos conhecimentos humanos, para a compreensão espiritual da vida.

A Moral Mediúnica não é simples repetição dos preceitos evangélicos usados pelas religiões na medida de suas conveniências e aplicadas a sociedades no resguardo de seus interesses. É a moral total ensinada e vivida por Jesus, interpretada em profundidade e sem temor pelos que realmente a compreenderam, como vemos no exemplo de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Kardec desvestiu os Evangelhos de todos os adereços mitológicos e supersticiosos dos textos clássicos (escritos no clima da Era Mitológica) para destacar apenas o ensino moral do Cristo, que é a essência de toda espiritualidade verdadeira. Nada de aparatos e fantasias, nada de simbologias misteriosas, apenas a verdade clara dos princípios, e estes desenvolvidos em todas as suas possibilidades de aplicação.

 

Autor: J. Herculano Pires

Livro: Mediunidade -  Conceituação da Mediunidade e Análise geral dos seus problemas atuais




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